Confrontos étnico-religiosos matam 150 na Nigéria (matéria publicada no site do Yahoo dia 07/03/10)

Pelo menos 150 pessoas morreram nos novos confrontos étnico-religiosos que explodiram hoje nos arredores de Jos, capital do estado de Plateau, no norte da Nigéria. Em janeiro, embates similares deixaram cerca de 300 mortos no país.
Segundo rádios e jornais locais, pastores muçulmanos da etnia fulani e agricultores cristãos iniciaram um confronto nesta madrugada em três comunidades da cidade de Shen, onde 75 casas e vários veículos foram incendiados. Entre 2h e 5h (hora local), grupos de fulanis armados com revólveres, fuzis, metralhadoras e facões invadiram imóveis das localidades de Dogo Na Hauwa, Ratsat e Jeji, matando todos que estavam neles, principalmente mulheres e crianças.
"Em um bem planejado e executado ataque, os pastores fulani conduziram o que pode ser descrito como uma operação para massacrar aldeões", diz o jornal "Punch", que cita um dos sobreviventes, identificado como Dalyop Gyang.
Gyang relatou que um grupo de fulanis cercou as aldeias bloqueando as principais vias de acesso, enquanto os demais entraram nas casas empunhando metralhadoras, facões e outras armas.

Segundo o sobrevivente, os atacantes incendiaram muitas casas e esperaram seus ocupantes saíssem para matá-los, enquanto muitos dos que tentaram sair das aldeias foram assassinados em seus arredores.
A Polícia e as autoridades civis não comentaram os motivos do massacre na região, que desde janeiro estava em estado de emergência por causa de atos de violência similares aos de hoje.
Na cidade de Jos, a maioria da população é muçulmana, mas há uma grande comunidade cristã. O lugar já foi palco de graves distúrbios por motivos políticos e religiosos, com muitas vítimas, em 2001, 2004 e 2008.
Em novembro de 2008, centenas de pessoas morreram e milhares tiveram que deixar suas casas em um surto de violência que começou devido ao atraso na publicação dos resultados das eleições locais.
Os conflitos envolvendo cristãos e muçulmanos na Nigéria já deixaram pelo menos 12 mil mortos desde 1999, ano da implantação da "sharia", ou lei islâmica, em 12 estados do norte do país.
Com quase 150 milhões de habitantes divididos entre mais de 200 grupos tribais, a Nigéria é o país mais populoso da África. As diferenças políticas, religiosas e territoriais existentes no país muitas vezes terminam em confrontos armados.