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Chavistas não veem 'ameaça' em reformas cubanas (matéria publicada pela BBC Brasil dia 16/09/2010)

Políticos e analistas venezuelanos ouvidos pela BBC afirmam que as recentes reformas anunciadas por Cuba não são consideradas uma ameaça pelo governo de Hugo Chávez na Venezuela.
Na segunda-feira, Cuba anunciou que vai demitir 20% dos funcionários públicos e simplificar as exigências para quem quiser trabalhar por conta própria.
Para o deputado Túlio Jimenez, presidente da Comissão de Política do Congresso venezuelano, as reformas cubanas "não significam o sacrifício do processo revolucionário" e são saídas "necessárias".

Revolução Cubana chega aos 50 anos envolta em contradições (matéria publicada no G1 01/01/09)

Cubanos vivem socialismo real e capitalismo de mercado negro.
G1 foi a Cuba para conhecer a realidade do cotidiano dos cubanos.

(Dennis Barbosa Do G1, em Havana)

Ao entrar em seu ano 50, a Revolução Cubana segue dividindo opiniões. Para uns, trata-se de uma ditadura que priva seus cidadãos do direito à livre iniciativa política e econômica. Para outros, é um exemplo de desenvolvimento social e resistência a um injusto embargo comercial.
Às vésperas do 50º aniversário da tomada do poder por Fidel Castro e seus companheiros, a reportagem do G1 visitou o país em busca de respostas para o que se ouve falar sobre a lendária ilha.

É fato, por exemplo, que a maioria dos cubanos vive com um salário ao redor de US$ 1 por dia. Isso poderia levar a crer que eles vivem em profunda miséria, mas não é o que acontece. O governo garante meios básicos para a subsistência a todos os cidadãos por meio de produtos vendidos a preços subsidiados em lojas estatais nada atraentes para um estrangeiro: a variedade é pouca, e a qualidade dos produtos fica aquém do que estamos acostumados no Brasil.
A comida é suficiente para que ninguém passe fome, mas a qualidade e a variedade são desanimadoras. Mesmo nos restaurantes – todos estatais, com exceção de alguns pequenos estabelecimentos familiares que o governo autorizou durante a crise desencadeada pela queda do Muro de Berlim – há pouco mais que arroz, feijão, batatas, carne de frango ou porco e duas ou três variedades de vegetais.
É no mercado negro que o cubano que tem acesso a dólares - normalmente obtidos de parentes que emigraram, do trabalho com turismo ou em alguma atividade ilegal - se abastece de bens de consumo e, sabendo onde comprar, há de tudo que se possa imaginar. Basta caminhar pela rua para ver que os cubanos se vestem com roupas que as lojas do Estado não vendem, como tênis de marcas conhecidas internacionalmente
.
O problema é que o mercado paralelo vive de dólares ou pesos conversíveis -moeda criada pelo governo que equivale a aproximadamente US$ 1. Isso mesmo: Cuba tem duas moedas – o peso conversível, com valor alto, usado por turistas e pelo o mercado negro, e o peso cubano, usado pelo Estado para pagar os trabalhadores, que vale muito pouco (o peso conversível vale cerca de 25 vezes o cubano).
O resultado é que todos só querem saber do peso conversível. “Aqui precisamos nos virar para conseguir dinheiro”, conta Yolanda, uma enroladora de charutos que desvia parte do que produz para vender a turistas. Ela vive num prédio em péssimas condições de conservação no centro de Havana e corre riscos para conseguir algum dinheiro que lhe permita comprar, por exemplo, produtos de higiene pessoal em falta nos mercados populares.
Caminhando pelos arredores da casa de Yolanda, assim como por toda a capital cubana, é possível ver que a revolução, se cumpriu a promessa de garantir moradia a todos os habitantes, não o faz de forma muito satisfatória: grande parte das residências, pela estado de deterioração em que se encontram, facilmente passariam por cortiços. Ainda assim, ouvindo a desenvoltura com que Yolanda, uma operária de fábrica de tabaco, discorre sobre seu trabalho e a situação do país, assim como conversando com outros cubanos pelas ruas, fica claro que o regime de Fidel atingiu sua meta de dar educação básica a toda a população.
O país erradicou o analfabetismo (segundo dado da agência de inteligência americana, a CIA, 99,8% dos habitantes maiores de 15 anos sabem ler, contra 88.6% do Brasil). Todos têm educação gratuita e, ainda segundo a CIA, o cubano, em média, vai à escola dois anos a mais que o brasileiro. O sistema educacional, aliado ao atendimento de saúde amplo e irrestrito, coloca Cuba 32 posições à frente do Brasil no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que calcula e compara o bem-estar de populações de diferentes países do mundo.
No entanto, não é sinônimo de informação.
A mídia em Cuba ainda é totalmente controlada pelo governo. A TV estatal não dá lugar a vozes dissidentes e, além das novelas brasileiras, das quais os cubanos são grande fãs, exibem horas de programação com forte carga ideológica, como debates em que todos os participantes elogiam o governo ou outras formas de propaganda, como, por exemplo, tele-aulas de música em que se aprende a execução de canções como a Internacional Comunista.
Na clássica Rádio Relógio, emissora que transmite o noticiário e a hora certa a cada minuto, predominam notas oficiais - informações sobre medidas do governo ou a agenda do presidente Raúl Castro. O "Granma", maior jornal do país e porta-voz do Partido Comunista Cubano, reproduz seus discursos na íntegra. “Tenho acesso a duas horas de internet por mês na minha universidade”, conta Javier, um estudante de tecnologia de comunicações. “Dizem que é por motivo de segurança, mas não vejo muito bem que segurança seria essa”, comenta, numa tímida crítica ao controle que o governo faz da informação, que acaba fazendo de Cuba, mais que nunca, uma ilha. Bloqueios a sites específicos, como o buscador Google, são constantes, conta o universitário.
Javier conseguirá se formar engenheiro mesmo com seu pai ganhando US$ 25 por mês. O jovem parece conformado com o fato de que, uma vez com o diploma na mão, terá um salário equivalente a uma pequena fração do que teria em outro país. “Vamos esperando até que me paguem o quanto realmente vale meu trabalho”, diz.
Raúl Castro, pouco a pouco, vai ocupando o lugar do irmão. Muitos estabelecimentos públicos hoje ostentam a foto do novo presidente, mas não removeram a de Fidel, eterno líder da Revolução, que também enfeita o cartaz oficial de celebração do jubileu de ouro da derrubada de Fulgencio Batista.

Cuba mais de 50 anos de Revolução



Raúl Castro: Cuba prefere desaparecer a aceitar chantagem (matéria publicada no dia 04/03/10 no site do Terra)

O presidente cubano, general Raúl Castro, afirmou neste domingo que seu país prefere "desaparecer" a aceitar a "chantagem" de Estados Unidos e Europa com "manipulações" sobre a vigência dos direitos humanos na ilha. "Este país jamais será dobrado. Antes prefere desaparecer, como demonstramos em 1962", disse o governante em alusão à chamada "Crise dos Mísseis", o clímax da Guerra Fria.

"A vacilação é sinônimo de derrota. Não cederemos jamais à chantagem de nenhum país ou conjunto de nações, por mais poderosas que sejam, aconteça o que acontecer", acrescentou o general ao encerrar em Havana o IX Congresso do ramo juvenil do governante Partido Comunista. "Cuba também não cederá à chantagem inaceitável dos dissidentes que se declaram em greve de fome para pedir a libertação de presos políticos doentes", disse Castro, reiterando a versão oficial de que são "delinquentes comuns, e se morrerem é culpa deles e de quem lhes apoia".

O líder denunciou "incríveis campanhas midiáticas do inimigo e tergiversações", ao responder às críticas do Parlamento Europeu e outros organismos, Governos e personalidades após a morte em fevereiro do dissidente preso Orlando Zapata depois de uma greve de fome de 85 dias. Castro lembrou que Cuba também não cedeu "nem um milímetro" quando Washington apontava com suas armas nucleares e, segundo disse, se dispunha a invadir Cuba, nem quando a União Soviética ruiu, seu principal aliado e fornecedor.

O general disse que lhe "repugna o dois pesos e duas medidas dos países europeus que criticam os direitos humanos em Cuba quando ali maltratam os imigrantes e reprimem as manifestações inclusive a tiros". Segundo Castro, a atual Administração americana, presidida por Barack Obama, "não cessou o apoio à subversão na ilha e mantém o bloqueio comercial que Washington aplica desde 1962".

Acrescentou que "a extrema direita espanhola e o império americano continuam buscando a destruição da revolução cubana". Por outro lado, reiterou suas advertências dos últimos anos de que a situação econômica cubana é crítica, que seu Governo não pode manter subsídios "excessivamente paternalistas", e que há um milhão de cubanos que sobram nas relações de empregados estatais.

"Há folhas de pagamento infladas, muito infladas, terrivelmente infladas, em quase todos os setores, e pagam-se salários não vinculados à produção, com o que não se pode evitar que se deteriore a capacidade de compras do povo", acrescentou. Insistiu também em que são gastos "milhões e milhões" para importar alimentos que podem ser cultivados em Cuba, enquanto crescem as "ilegalidades" e a corrupção.

Continuar gastando acima da receita significa comer o futuro e pôr em risco a sobrevivência da revolução", assegurou o presidente. Criticou os "companheiros que se desesperam pedindo mudanças imediatas", sem levar em conta a quantidade de assuntos que ele tem pela frente para assegurar um futuro para a revolução que liderou em 1959 seu irmão e antecessor, Fidel Castro, ainda primeiro-secretário do Partido Comunista.