Franco, do Partido Liberal, relatou uma reunião no Comando das Forças Armadas do Paraguai no último sábado, com a participação do presidente Lugo. Franco disse que Velázquez e o próprio presidente "disseram em várias oportunidades que o objetivo principal do estado de exceção não era a captura do auto-denominado Exército do Povo Paraguaio [EPP]".
- Fiquei surpreso, atordoado e confuso. Pedi explicações. Perguntei se iam fechar as fronteiras. Aí me disseram que Velázquez só podia explicar [os objetivos da medida] em termos genéricos.
Franco disse que, antes da reunião no Comando das Forças Armadas, Lugo se reuniu com a cúpula do governo na residência oficial. Segundo o vice-presidente, ele só soube do encontro por meio de jornalistas.
O governo pediu o estado de exceção para perseguir os membros do EPP, que estariam montando campos de treinamento no norte do país. O grupo estaria por trás de sequestros ocorridos no Paraguai. Suspeita-se ainda que o EPP tenha responsabilidade em atentados a bomba ocorridos em Assunção no último ano.
Lugo nega e Franco se explica no Congresso
Logo após as declarações de Franco, em Assunção, Lugo disse que que é "absolutamente falsa" a declaração de seu vice.
- Este é um pedido de longa data de vários governadores. É verdade que queremos devolver a tranquilidade aos cinco Departamentos. O objetivo central é capturar o EPP.
Franco foi chamado a dar explicações no Congresso na tarde desta segunda-feira. Segundo o presidente da Câmara de Deputados, Ariel Oviedo, os parlamentares podem anular o estado de exceção se for comprovado que o vice está dizendo a verdade.
A eleição de Lugo em 2008, que pôs fim a 61 anos de controle total do Paraguai pelo Partido Colorado, só foi possível graças ao apoio do Partido Liberal de Franco, rival dos velhos governistas. A aliança entre o ex-bispo, que não era filiado a nenhum partido político e teve uma ascenção política meteórica no país vizinho, começou a rachar antes mesmo da posse de Lugo.
Setores da oposição já falam no impeachment de Lugo, caso ele não consiga acabar com o grupo EPP nos 30 dias em que vigora o estado de exceção. Não é a primeira vez que se fala em cassar o mandato do presidente - durante os escândalos envolvendo a paternidade de vários filhos de Lugo, a oposição cogitou abrir um processo de impeachment.