O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, morreu aos
69 anos, segundo anúncio feito nesta segunda-feira pela televisão
estatal do país.
De acordo com o anúncio, Kim Jong-il, que
liderava o país comunista desde a morte de seu pai em 1994, morreu em um
trem enquanto visitava uma área próxima da capital, Pyongyang.
O funeral de Kim Jong-il será realizado na capital norte-coreana no
dia 28 de dezembro, segundo a agência de notícias estatal da Coreia do
Norte, a KCNA.
O governo do país informou que o filho do líder, Kim Jong-un será seu "grande sucessor" e pediu união aos norte-coreanos.
"Todos os membros do partido, militares e o
público devem seguir a liderança do camarada Kim Jong-un, proteger e
fortalecer a frente unificada entre partido, militares e público",
informou a KCNA.
A KCNA afirmou que o filho do líder
norte-coreano deverá começar seu trabalho liderando o comitê organizador
do funeral de Kim Jong-il. O período de luto nacional foi declarado e
deve se estender até o dia 29 de dezembro.
Kim Jong-un, que teria mais de 25 anos de idade, foi indicado para ser o sucessor de Kim Jong-il há mais de um ano.
Kim Jong-il sofreu um derrame em 2008 e há meses não aparecia em público.
O anúncio de sua morte foi feito com uma leitura emocionada em rede nacional de televisão.
A apresentadora, usando roupas pretas, chorou ao
comunicar que Kim Jong-il teria morrido devido ao excesso de trabalho
físico e mental. Uma informação divulgada depois pela KCNA disse que o
líder norte-coreano morreu devido a um ataque cardíaco.
Os militares da Coreia do Sul foram colocados em estado de alerta, em
meio ao temor de que a morte de Kim Jong-il possa causar instabilidade
no país comunista, empobrecido porém com armas nucleares.
O Conselho Nacional de Segurança sul-coreano
está reunido para uma reunião de emergência, segundo informação da
agência de notícias Yonhap.
Tecnicamente, as duas Coreias permanecem em estado de guerra desde a Guerra da Coreia (1950-1953).
O governo japonês também convocou uma reunião de segurança.
A Casa Branca disse que está "monitorando com
atenção" as informações sobre a morte do líder norte-coreano. Os Estados
Unidos informaram que estão "comprometidos com a estabilidade da
península coreana e com a liberdade e segurança de nossos aliados".
O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-Bak, conversou com o presidente Barack Obama pelo telefone.
"Os dois líderes concordaram em cooperar e monitorar a situação juntos", disse um porta-voz presidencial da Coreia do Sul.
A China, o mais próximo aliado da Coreia do
Norte e seu maior parceiro comercial, afirmou que está "angustiada" com a
notícia da morte.
Depois do anúncio da morte de Kim Jong-il, as ações nos mercados asiáticos registraram queda.
Kim Jong-il herdou a liderança da Coreia do Norte de seu pai, Kim Il-sung.
Logo depois que Kim Jong-il assumiu o poder, a
Coreia do Norte enfrentou uma época de muita fome, causada por reformas
econômicas que fracassaram e lavouras abaixo do esperado. Com isso,
estima-se que dois milhões de pessoas tenham morrido.
O regime do líder norte-coreano foi muito
criticado por abusos dos direitos humanos e permaneceu isolado devido ao
seu programa de armas nucleares.
Durante o governo de Kim Jong-il, os recursos do país foram voltados
para os militares e, em 2006, a Coreia do Norte realizou seu primeiro
teste nuclear. Três anos depois, o país realizou o segundo teste.
Negociações envolvendo vários países para desarmar a Coreia do Norte estão paradas há meses.
Há cerca de um ano, Kim Jong-il anunciou seu
filho como sucessor. Muitos esperavam que o processo de sucessão se
completasse em 2012.
Pouco se sabe sobre Kim Jong-un, o filho mais novo do líder norte-coreano. Nem mesmo sua idade exata foi divulgada.
O que se sabe é que Kim Jong-un foi educado na
Suíça e é filho daquela que seria a esposa favorita de Kim Jong-il, Ko
Yong-hui, que também já morreu.
O professor Lee Jun-hoon, especialista em
relações internacionais na Universidade Yonsei, de Seul, disse à BBC que
a morte de Kim Jong-il poderá levar a "tempos muito instáveis" na
Coreia do Norte, pois o processo de sucessão ficou incompleto.
"Temos de nos preocupar muito, pois sempre que
existe instabilidade doméstica, a Coreia do Norte gosta de encontrar uma
situação externa para desviar a atenção disto, incluindo fazer
provocações", afirmou.